Semana de Pós-Graduação em Ciência Política da UFSCar

Qual a história da República no Brasil senão da luta entre o interesse público e o interesse privado? Da distribuição de riqueza e direitos ou da concentração deles? Quando olhamos para nossa cronologia, encontramos acontecimentos que explicitam perspectivas que delineiam a identidade do outro para justificar determinado curso de ação, que mostram as finalidades da engenharia institucional como forma de um projeto político vigente em um determinado período, e até mesmo a forma como reagimos diante de acontecimentos políticos extremos como um todo ou em suas partes. Olhar nossa trajetória a fundo nos permite perceber elementos que definem mais nossa vida política do que o cotidiano expõe aos olhos passivos.

Um olhar mais afiado que busca enxergar os detalhes sobre a nossa história política, seja direcionado as diversas rupturas que marcaram a trajetória democrática e autoritária do país, a abertura pactuada que marcou a passagem do regime ditatorial para o democrático com aspectos condicionais, bem como as diversas contradições latentes mas com resolução sempre postergada, ora em nome de um pretenso bem comum, ora em nome da Nação, se faz necessário; nesses fenômenos recorrentes da nossa história podem estar escondidas algumas explicações sobre o atual estado de crise. À luz do período em que nos encontramos, esse debate pode e deve ser feito pensando algumas questões: quais democracias já tivemos no Brasil? Quais tipos de regimes podemos vivenciar? Qual o limite da democracia formal frente ao autoritarismo informal? O que determina o funcionamento normal das instituições? Ainda vivemos em uma democracia?